PRESENTEVoltar
 
E Agora?
   
English

 Banda sonora e música.

Usámos sempre o som directo gravado no momento da captação da imagem. Muito poucas cenas têm ambientes adicionais, nesses casos gravados nos mesmos locais.

Os ambientes nas cenas com fotografias e materiais de arquivo em 8mm repetem-se, fazendo pontes e ligações. O critério foi de economia. Assim, por exemplo, o som grave e indistinto da sequência inicial com imagens dos anos 70 e 80 (uma gravação interior de carro americano em andamento) é o mesmo das imagens de Cuba. As ondas de mar na sequência de Porto de Barcas são as da sequência de fotografias nos Açores e do filme de 8mm da infância na praia (ambiente gravado em Santa Maria, nos Açores). As vozes de crianças nessa cena de praia em 8mm são também as que se ouvem (modificadas) na fotografia de Copacabana.

Nas citações de vozes, usámos discussões entre virologistas (nomeadamente declarações da Dra. Karla Kirkegaard, professora e directora do Departmento de Microbiologia e Imunologia na Stanford University School of Medicine), um excerto de uma entrevista a Pasolini de 1966 (na série Cinéma de Notre Temps, de Janine Bazin e André S. Labarthe), excertos de uma conversa entre Serge Daney e Marguerite Duras (Microfilms, Abril de 1987), e vários excertos de intervenções de investigadores no CROI 2011 e 2012 (Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections).

A escolha das músicas foi ditada pelos discos que fomos ouvindo ao longo do ano de ensaios clínicos e que inevitavelmente ficaram gravados no som directo. Estas músicas não foram previamente seleccionadas e são o resultado do hábito de escolher cada manhã os discos que vamos ouvir durante o dia. Assim, o “The Plot”, dos WhoMadeWho, que tocava no carro na manhã da partida para Madrid, tornou-se na música dos genéricos do filme e das sequências de Madrid (em versões remisturadas); o Jacques Ibert que estava a ouvir no escritório com o Rufus passou a ser a música da sequência em que subo ao quarto do Nuno; o Max Reger que acompanhava o Nuno enquanto pintava o plano de animação continua no contracampo sobre os meus olhos; ou o Carl Maria von Weber por Emil Gilels que toca no carro, na sequência final de chuva, acaba por unificar o epílogo do filme.

Duas notas em relação às músicas. Agradecemos sinceramente aos WhoMadeWho e a Jesper Majdall, à GOMMA e à SONY ATV, que foram sensíveis ao projecto e colaboraram com a cedência de todos os direitos. Um pouco por acaso, ao longo da rodagem fomos conhecendo melhor a obra de Jacques Ibert, compositor francês que foi colega de estudo de Arthur Honegger e Darius Milhaud e que fez ocasionalmente música para cinema (Don Quixote -1933, de Georg Wilhelm Pabst; Golgotha -1935, de Julien Duvivier; Macbeth -1948, de Orson Welles; Invitation to the Dance - 1956, de Gene Kelly; Jabberwocky – 1977 de Terry Gilliam). Não podíamos imaginar que algumas das suas obras mais intimistas (de câmara ou para instrumentos solo) se integrassem plenamente no filme.

A montagem e pré-mistura de som foi feita por nós em ProTools. Tivemos a sorte de enviar uma cópia de trabalho ao Olivier Do Huu, que estava a terminar a mistura do último Tavernier. Gostou do filme e aceitou o desafio de misturar 2h 44m em 3 dias. Trabalhou sobre a nossa pré-mistura e deu corpo às ideias de som com ousadia e experiência. Em vários casos, “radicalizou” os nossos conceitos, transformando passagens suaves em cortes bruscos e acentuando as descontinuidades. Obrigado, Olivier.

 

 

WhoMadeWho (sítio oficial)

WhoMadeWho (MySpace)

Jacques Ibert (Wikipedia)

Olivier Dô Hùu (IMDB)

     

Who made Who:

The Plot (2009)
The Plot - Noze Remix
The Plot - Disco Deine Dub

Jacques Ibert:

Cinco peças em trio para oboé, clarinete e fagote; Andantino (1935)
Por: Pauline Oostenrijk (Oboé), Hans Colbers (Clarinete) & Peter Gaasterland (Fagote)

Ariette para guitarra somo (1935)
Por: Helenus de Rijke

L'Age d'or, extrato do "Chevalier errant" para asaxophone alto e piano (1935-36)
Por: Arno Bornkamp (saxophone alto), Sepp Grotenhuis (piano)

Quarteto de cordas; Presto (1937-42)
Por: Nieuw Nederlands Strijkkwartet

Ghirlarzana para violoncelo solo (1950)
Por: Marien van Staalen (violoncelo)

Carignane para fagote e piano (1953)
Por: Peter Gaasterland (fagote), Sepp Grotenhuis (piano)

Carl Maria von Weber:

Sonata para piano Nº 2 em lá bemol maior, Op. 39; Andante
Por: Emil Gilels
Gravado ao vivo em no Grande Auditório da Filarmómica de Leningrado a 18.01.1968

Ludwig van Beethoven:

Sonata Nº 9 em lá maior "Kreutzer", Op. 47; Adagio Sostenuto – Presto
Por: Alexander Melnikov & Isabelle Faust, Philarmonia de Praga

Max Reger:

Variações e Fuga sobre um tema de Hiller, Op. 100; Variação 11, Andante con moto.
Por: Franz-Paul Decker, Orquestra Sinfónica da Nova Zelândia

Antonín Leopold Dvořák

Silent Woods B 173 (Op. 68 Nº 5)
Por: Mstislav Rostropovich & Vladimir Yampolsky

Franz Schubert:

Quinteto para Piano, Violino, Viola, Violoncelo e Contrabaixo em Lá Maior (a truta); Andante
Por: Emil Gilels, piano - Norbert Brainin, violino - Peter Schidlof -viola, Martin Lovett, violoncelo - Reiner Zepperitz, contrabaixo

Henry Mancini:

Imitation of Life; Disappointed, Wishing Star
Por: Universal International Orchestra

Carl Starling:

Marching Pink, Pappy's Puppy
Music From Warner Bros. Cartoons, 1939–1957

Wes Montgomery:

The Incredible Jazz Guitar; D-Natural Blues
Por: Wes Montgomery (Guitarra), Tommy Flanagan (Piano), Percy Heath (Contrabaixo), Albert Heath (Bateria)

Calexico:

Feast of Fire; Whipping the Horse’s Eye

Kings of the Metal:

Revenge
Gravado ao vivo (2001)

Amanda Lear:

Blood And Honey (versão de 1976)

© 2013